RÉVEILLON DO RIO DE JANEIRO
A festa de Ano Novo no Rio de Janeiro é uma das mais famosas do mundo! O evento é o segundo maior na cidade, rivalizando com o Carnaval. Na noite do dia 31 de dezembro, Copacabana recebe milhões de pessoas! A praia conta com palcos e artistas que fazem uma grande festa nas últimas horas do ano. À meia noite começa o grande espetáculo da queima de fogos!
Há décadas, passar o Réveillon na praia de Copacabana é uma das maiores tradições na Cidade Maravilhosa. Os cariocas têm vários costumes diferentes que fazem da festa uma experiência única para quem comemora o réveillon no Rio de Janeiro. Há quem diga que todos deveriam passar o Réveillon em Copacabana pelo menos uma vez na vida!
A seguir, reunimos a mais completa coleção de dicas e curiosidades sobre uma das maiores festas do Brasil! Veja dicas práticas sobre transportes, hospedagem, segurança e aprenda mais sobre os costumes e a história desse grande evento!
TRADIÇÕES
Alguns brasileiros talvez não se deem conta, mas muitos dos costumes e tradições do Réveillon são resultado da grande mistura de culturas e influências únicas do Brasil. No Rio de Janeiro não é diferente! Algumas das crenças e rituais que hoje estão presentes em boa parte do território nacional, tiveram início ou se tornaram famosos justamente aqui na Cidade Maravilhosa!
Um dos costumes que mais chamam atenção de quem vem de outros países para passar o réveillon no Rio é o fato da grande maioria das pessoas estarem vestidas de branco! A parte mais importante na escolha das roupas para a virada do ano é justamente a cor! Originalmente, a prática de vestir branco nessa data era exclusividade dos seguidores da religião brasileira Umbanda, pois essa era a cor que mais agradava aos seus guias espirituais. Porém, hoje em dia, muitas de suas crenças foram difundidas e acabaram por ser adotadas por boa parte da população, ainda que nem todos os brasileiros sejam devotos ou sequer estejam cientes dessa relação!
A maioria das pessoas escolhe a cor da roupa por acreditar que as cores usadas no momento da virada têm o poder de atrair energias e concretizar determinados desejos para o próximo ano. Branco é a mais popular por simbolizar paz e harmonia, além de ser a união de todas as cores! Outras cores bastante populares são o amarelo, que simboliza riqueza, prata, representando inovação e tudo que é moderno. Verde para saúde, vermelho, associado à paixão, rosa para amor, etc. É muito comum que as pessoas se vistam de branco, enquanto por baixo usam alguma dessas cores na roupa íntima ou em fitinhas amarradas!
SORTE PARA O PRÓXIMO ANO
Outro costume muito querido dos cariocas, principalmente para quem passa a virada na praia, é pular sete ondas, fazendo sete pedidos. A prática está relacionada a Iemanjá, considerada a Rainha das Águas nas religiões afro-brasileiras. Sete é considerado um número da sorte e o mar é uma parte importante da vida no Rio de Janeiro.
Então, depois do fim do espetáculo de fogos, muitas pessoas vão juntas para o mar pular sete ondas. Para cada onda pulada, deve-se fazer um pedido para o ano que se inicia. Um detalhe importante é não olhar para trás quando sair do mar, para não deixar Iemanjá irritada!
Comidas também são uma parte importante da festa de Ano Novo. Algumas superstições incluem não comer aves, pois ciscam para trás, ou caranguejos, que andam de lado, simbolizando retrocesso. Por isso, muitos dão preferência a carne de porco ou peixe que também são símbolos de riqueza e fartura. Lentilha também é um dos pratos preferidos para atrair prosperidade. Nessa época, muitas pessoas também recorrem ao banho de pipoca para limpeza e cura espiritual. Alguns mastigam sementes de romã e guardam o ano todo para trazer sorte, enquanto outro guardam folhas de louro na carteira para atrair dinheiro!
ROUPAS CONFORTÁVEIS
Uma dica importante para quem pretende passar o Ano Novo em Copacabana é escolher roupas e sapatos confortáveis. Para aproveitar os shows e o espetáculo de fogos, é necessário chegar com antecedência. Portanto, prepare-se para passar bastante tempo em pé. Muitos cariocas vão até de havaianas, pois são ótimas para quem vai ficar muito tempo na areia! Além disso, o clima costuma ser bem quente, mesmo à noite, pois dezembro já é verão. Cariocas são bem informais nas suas vestimentas, então é possível se vestir de forma mais descontraída sem destoar do público!
ONDE SE HOSPEDAR NO RIO DE JANEIRO
Para quem pretende curtir a virada do ano em Copacabana, é preciso considerar a logística para o dia 31 de dezembro. Nesse dia, o trânsito muda na cidade e é importante se atentar aos horários para não ficar preso em engarrafamentos. A volta depois do espetáculo também é um fator importante a se considerar.
Sem dúvidas, o local mais prático para se hospedar é Copacabana. O bairro conta com dezenas de hotéis e hostels para todos os gostos e bolsos. Ao longo de todo o ano, Copacabana é opção preferida de hospedagem para turistas. Porém, devido à demanda do período, os preços ficam mais altos. É importante fazer a reserva com certa antecedência pois geralmente a ocupação chega a 100%. Também há muitas opções de Airbnb no bairro. E, para quem estiver disposto a gastar bem mais, muitos dos apartamentos com vista para o mar são alugados para quem quiser ter o seu próprio camarote!
Ipanema também pode ser uma boa opção já que fica logo ao lado. Dependendo de onde escolher ficar, a caminhada de um bairro ao outro não é tão grande. Mas para quem preferir, a estação de metrô em Ipanema é a General Osório.
Outras alternativas mais baratas de hospedagem são Botafogo e o Centro. Embora não tenha tantas opções de hospedagem, Botafogo tem boas opções de hotéis e hostels, além de apartamentos para alugar. O bairro fica bem próximo de Copacabana e conta com uma estação de metrô.
Já o Centro está um pouco mais distante de Copacabana, mas tem muitas opções de hotéis e hostels com preços muito melhores. No Centro já não há tantas opções para alugar apartamentos. As estações de metrô mais próximas da maioria das estadias na área são a Carioca e a Cinelândia. Muitos hostels do Centro estão localizados na Lapa, então é importante considerar que será preciso caminhar um pouco mais até a estação mais próxima. Outro fator a se considerar, é que à noite tudo fecha no Centro, ao contrário de Copacabana e Ipanema.
TRANSPORTE
Em geral, a melhor opção de transporte no Rio de Janeiro é o Metrô. Além de ser seguro, evita engarrafamentos. Outra grande vantagem é que os principais pontos turístico da cidade estão próximos a alguma estação. Para quem for usar muito o metrô, é sempre recomendável comprar o RioCard. Esse cartão recarregável pode ser comprado em qualquer estação e serve para todos os transporte públicos da cidade.
No entanto, no Réveillon, o sistema de transporte sofre algumas alterações e fica um pouco mais complexo. No dia 31 de dezembro, Copacabana fica parcialmente bloqueada. A partir das 22 horas, o bloqueio é total, incluindo carros e ônibus. Assim, o único acesso passa a ser pelo metrô.
Para a noite da virada, é preciso um cartão especial, com horários específicos. Os cartões começam a ser vendidos com antecedência apenas em algumas estações já no começo de dezembro. Até o Natal, é possível compra-los nas estações Pavuna, Central, Uruguai, Carioca, Siqueira Campos e Jardim Oceânico, das 10 às 21 hrs.
Depois do Natal, a venda é feita somente em uma bilheteria específica na estação da Carioca, até o dia 31. O ideal é não deixar para a última hora. Compre com o máximo de antecedência, pois a disponibilidade é de acordo com o estoque.
Há 3 opções de cartões: ida, ida e volta e volta. No momento da compra, é preciso definir o horário da ida. As opções de embarque são às 19, 20, 21, 22 ou 23 horas, com validade de 1 hora. Os cartões têm cores diferentes de acordo com o horário escolhido.
Já os cartões de volta são válidos de 0 às 5 hrs do dia 01 de janeiro. Menores de 6 anos acompanhados de um adulto e maiores de 65 anos têm direito à gratuidade. Basta apresentar documento original comprovando a idade.
CARROS, TAXIS E UBER
Ir para Copacabana de carro só vale a pena para quem pretende chegar bem cedo, pois o acesso é interrompido no começo da noite. Taxis têm cerca de 2 horas a mais de acesso em relação a outros carros. Porém no Rio de Janeiro, os cariocas preferem usar Uber já que é mais barato e seguro.
No entanto, depois do horário limite, taxis e ubers só poderão leva-lo até as divisas de Copacabana. Ou seja, dependendo de onde você vier, terá que ficar no Arpoador, na Lagoa ou em Botafogo, e terá que caminhar até a praia de Copacabana. Caso pretenda ir de carro, considere também um tempo maior para o trajeto, já que o trânsito em direção a Copacabana estará mais lento.
RESTAURANTES
É muito importante se programar com antecedência e definir onde irá comer na noite do Reveillon. Alguns lugares não estarão abertos, enquanto que muitos não terão mais lugares disponíveis.
Vários restaurantes em Copacabana trabalham com um sistema de reservas para o dia 31. Devido à demanda, os preços costumam ser bem mais altos. É possível encontrar outros lugares abertos até mais tarde no bairro, mas como toda a cidade vai para Copacabana, todos tendem a ficar muito cheios. Então, melhor não deixar para a última hora.
Muitos quiosques na praia também fazem pacotes especiais para a noite da virada. Sob reserva, esses quiosques oferecem uma área fechada. Estão inclusos bebidas, comidas e música ao vivo. Os pacotes são os mais variados tanto em gêneros musicais quanto no cardápio, que vai de petiscos tradicionais à ceia ou até mesmo café da manhã. Tudo com vista para o mar. Caminhando na orla uns dias antes, você pode fazer a reserva direto nos quiosques. Essa é uma boa opção para quem quer ficar na praia com um pouco mais de conforto.
A maioria dos hotéis também oferece jantares especiais ou pacotes especiais para o Reveillon. Em termos de preço e logística, essa pode ser uma ótima opção! Na praia e no calçadão também sempre tem muitos ambulantes vendendo salgados e bebidas durante toda a noite. Mas para quem deseja fazer uma refeição mais completa, pode não ser o suficiente. Muitas pessoas preferem levar suas próprias bebidas e gelo, principalmente quem pretende brindar a virada com espumante, já que os preços também tendem a ser inflacionados.
MELHOR LUGAR DA PRAIA PARA ASSISTIR AOS FOGOS
O lugar ideal para assistir ao espetáculo de fogos na praia de Copacabana depende muito das preferências e expectativas de cada um. O palco com os maiores shows geralmente fica na altura da estação Cardeal Arco Verde. Consequentemente, essa é a área que fica mais cheia.
Já para quem não faz questão de assistir aos shows e prefere uma área menos tumultuada, a área próxima da estação General Osório, que fica já na divisa com Ipanema, pode ser mais interessante. No geral, toda a orla estará bem movimentada. Porém, as áreas um pouco mais distantes do palcos tendem a ser mais tranquilas e com um clima mais familiar.
DICAS DE SEGURANÇA
Durante o Ano Novo, o esquema de segurança em Copacabana é reforçado com centenas de policiais. Ainda assim, vale a pena tomar algumas medidas práticas para aproveitar melhor a noite sem grandes imprevistos.
Locais com grandes aglomerações acabam facilitando a ocorrência de furtos, portanto é importante ficar atento aos seus pertences. Nunca deixe seus pertences na areia. Evite colocar celulares e carteiras nos bolsos de trás ou andar com objetos de valor à vista. Câmeras penduradas no pescoço e joias devem ser evitados. A melhor opção é usar uma doleira para guardar dinheiro, documentos e o celular.
OUTRAS FESTAS
A principal festa de Réveillon no Rio de Janeiro é sem dúvida na praia de Copacabana. Além de todas as atrações, outra vantagem é que a participação é gratuita! Ainda assim, a prefeitura também organiza outros eventos gratuitos para a virada do ano. Embora sejam de menor porte, esses outros eventos também fazem parte da programação oficial e podem ser uma boa alternativa para quem prefere festas menos cheias. O calendário que é divulgado todos os anos, sempre conta com festas na Barra da Tijuca e no Flamengo. Ambos os pontos também oferecem vista para o mar!
Para quem prefere ainda mais exclusividade, é possível comprar algumas festas privadas. A mais famosa das festas privadas é definitivamente a do Copacabana Palace! O hotel mais famoso da cidade mantém a tradição de reunir o público mais exclusivo em seus luxuosos salões para brindar a chegada do novo ano com uma vista privilegiada. Os preços costumam ser os mais altos da cidade e é preciso reservar com certa antecedência.
Outra festa bem famosa e tradicional acontece no Jockey Club, na Gávea. Com preços mais acessíveis que o Copacabana Palace, há diferentes opções de pacotes. Todos com música ao vivo e open bar. Apesar de não estar na praia de Copacabana, do Jockey Club é possível ver a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Cristo Redentor e a queima de fogos à meia noite!
DIA 01 DE JANEIRO
O primeiro dia do ano é feriado em todo o país. Sendo assim, a maioria dos lugares estará fechada. No entanto na Zona Sul da cidade ainda é possível encontrar bares e restaurantes abertos. Já as lojas de rua não costumam abrir. No Centro da cidade nenhuma loja ou serviço estará aberto. A maioria dos shoppings abrem a partir das 15 hrs, mas as praças de alimentação costumam abrir já a partir das 12 hrs.
Uma boa opção para aproveitar o dia e recuperar as energias é ir à praia. Devido ao espetáculo da noite anterior, a praia de Copacabana ainda não estará totalmente limpa. Então a melhor opção é ir para as praias de Ipanema ou Leblon, porque elas estarão muito mais limpas na manhã seguinte.
RÉVEILLON 2021
Muita gente se pergunta como será o Réveillon 2021 do Rio de Janeiro 2021. Chegaram a correr boatos na internet de que o espetáculo estaria cancelado devido à pandemia. Porém, a Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Riotur, divulgou nota oficial afirmando que o Réveillon da cidade está mantido! E destacou que evento pode ser feito de diferentes formas!
A prefeitura afirma ainda que está estudando a construção de modelos alternativos ao espetáculo tradicional para a realização da festa de virada de 2020 para 2021. Membros do setor hoteleiro fazem parte do conselho que trabalha na criação de novos conceitos para o evento. Dessa forma, buscam atender às novas necessidades de segurança sanitária até que haja uma vacina.
Assim, a prefeitura ainda vai divulgar o modelo a ser adotado para o próximo Réveillon e nós atualizaremos as informações oficiais aqui.
COMEÇO
A grande festa em Copacabana, como a conhecemos hoje em dia, é um costume relativamente recente na cultura Carioca. Por muitos anos as comemorações de Réveillon eram feitas entre familiares, em suas próprias casas. Já as famílias mais abastadas também comemoravam em festas em clubes privados.
Há registros que na década de 1920 o principal ponto de comemoração na cidade era a antiga Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco. Localizada no Centro, essa era a avenida mais importante da cidade! Nessa época, a festa contava com banda e coral, eram promovidas competições para desfiles de carros enfeitados e batalhas de confetes. Tudo com direito a comissão julgadora e prêmios aos vencedores!
Enquanto isso, na orla da Zona Sul do Rio de Janeiro, seguidores da religião afro-brasileira Umbanda se reuniam nas praias em homenagem a Iemanjá, considerada a Rainha dos Mares. Os cultos eram marcados pelos cantos ao som de atabaques, rezas, velas, comidas típicas e flores ao mar. É aí que surgem algumas das tradições mais únicas do Réveillon do Rio de janeiro, e do Brasil em geral!
UMA RELIGIÃO CARIOCA
A Umbanda é uma religião relativamente nova, surgida no começo do século XX nos subúrbios do Rio de Janeiro. Um dos maiores exemplos do sincretismo religioso no Brasil, a Umbanda tem forte influência das religiões de origem africana, elementos das culturas nativas, do catolicismo e do Espiritismo Kardecista.
A principal influência africana da Umbanda foi a cultura banto, principalmente da Angola, trazida pelos negros escravizados. Porém, nas senzalas, alojamentos onde os escravos eram abrigados nos engenhos, haviam negros de diferentes culturas e religiões. A mistura dessas diversas influências deu origem ao Candomblé, por volta do século XIX. O Candomblé praticado no Brasil não existe em outros países, sendo também uma religião brasileira.
Originalmente presente nos espaços rurais, o Candomblé se espalhou pelo território nacional, sendo transmitido de forma oral, sem uma doutrina. Consequentemente, acabou ganhando variações regionais.
ESPAÇO URBANO E INFLUÊNCIAS
Com o fim da escravidão e o processo de urbanização e industrialização no sudeste do país, os negros assumiram novas posições na sociedade, tornando-se parte do proletariado. A partir desse período, os negros passaram a ter um maior contato com os brancos das classes mais baixas no chão das fábricas.
Esse cenário criou a necessidade de adaptar os rituais do Candomblé à vida urbana. Os praticantes foram reconstruindo os antigos rituais africanos e se desfazendo de costumes atrelados ao antigo sistema social. Houve também forte influência do catolicismo e de elementos das culturas indígenas.
É nesse período que ocorre uma aproximação com a doutrina espírita de Allan Kardec, que se tornava bastante popular no Brasil. Com as influências católicas mais visíveis, a Umbanda ganhou maior popularidade. E com a estruturação proveniente da doutrina kardecista, conseguiu se consolidar melhor como religião.
CRENÇAS E CERIMÔNIAS
Na Umbanda, as cerimônias geralmente são realizadas em uma Casa, Terreiro ou Barracão. Também é muito comum que as celebrações sejam feitas ao ar livre, próximo à natureza, como em praias, rios e cachoeiras. As cerimônias são comandadas por um sacerdote, chamado de “Pai” ou “Mãe”, que fica responsável por coordenar os rituais e transmitir a doutrina umbandista aos discípulos. Os rituais são sempre marcados por música, dança e comidas típicas.
Nesses rituais, são feitas sessões de limpeza espiritual, chamadas de “passe”. É importante ressaltar que é proibido receber qualquer tipo de remuneração pelos trabalhos espirituais. Um dos principais fundamentos da Umbanda é a caridade, através da qual é possível evoluir o espirito.
Os umbandistas acreditam na imortalidade da alma, na reencarnação e nas leis do karma. Ao contrário do Candomblé, a Umbanda não permite o sacrifício de animais em seus rituais. Outra característica marcante das cerimônias são as roupas na cor branca. Para os Umbandistas, o branco é uma cor neutra que agrada a todos os guias e orixás.
A Umbanda possui várias vertentes, mas todas partilham a crença em um único deus onipresente chamado Olorum ou Zambi. Além disso, os umbandistas também cultuam os orixás, que são divindades da religião iorubá.
Os orixás geralmente são associados aos elementos naturais e às atividades humanas, tais como pesca, guerra, maternidade, etc. No Brasil, devido ao sincretismo religioso que ocorreu no período da escravidão, os Orixás também foram associados aos santos católicos.
IEMANJÁ, A RAINHA DAS ÁGUAS
Um dos orixás mais populares é Iemanjá. Considerada a Rainha das Águas, Iemanjá é também a mãe de outros poderosos orixás. Ao contrário das representações em outras culturas africanas, no Brasil Iemanjá é geralmente representada como uma mulher branca, de cabelos negros e vestido azul. Essa imagem também faz parte do processo único ocorrido no Brasil, já que Iemanjá foi sincretizada com outras santas católicas, como Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora das Candeias e a Virgem Maria.
Iemanjá está relacionada aos rios e mares, assim como à fertilidade, prosperidade, renovação e transmissão de conhecimento. Sua data de celebração é dia 02 de fevereiro, tanto no Brasil quanto na Nigéria. Nesta data, a maior comemoração no Brasil é feita em Salvador, na Bahia, na festa do Rio Vermelho. Mais recentemente, a data tem sido adotada em outros estados também.
Porém, no Rio de Janeiro, as datas mais adotadas para a celebração de Iemanjá são os dias 15 de agosto e, principalmente, dia 31 de dezembro. Na Cidade Maravilhosa, é tradição dos fiéis irem às praias e pularem sete ondas, lançar flores brancas ao mar em pequenos barquinhos e acenderem velas. Foi justamente essa tradição adotada pelos umbandistas cariocas que deu origem à maior festa de Ano Novo do país!
Iemanjá é a entidade da Umbanda mais conhecida e popular entre os brasileiros de outros credos. Devido ao seu simbolismo relacionado a outras santas católicas, Iemanjá é também muito cultuada por pessoas de outros credos, que não se consideram umbandistas. Então, ao longo do tempo, as celebrações de Iemanjá foram ganhando mais adeptos.
Porém foi apenas na década de 1970 que a celebração ganhou maior proporção. O grande sincretismo religioso típico da cultura brasileira já trazia para os terreiros na orla diversas camadas da população que aproveitavam a oportunidade para garantir bênçãos de caboclos e pretos velhos na areia da praia! Muitos que passavam pela praia na noite do dia 31 de dezembro, vendo tantas pessoas vestidas de branco nas areias, acharam a celebração muito bonita! Mesmo que não soubessem o significado, logo outras pessoas de diferentes credos começaram a se vestir de branco para o Réveillon!
A ideia de passar a virada do ano com a família e os amigos tendo a bela vista da praia de Copacabana ao fundo também agradou a muitos e logo centenas de pessoas se juntavam nas areias aguardando a meia noite. No meio das comemoraçôes, observando as celebrações de Iemanjá, não tardou para que outras pessoas também passassem a pular sete ondas, jogar flores ao mar e estourar champagne na chegada do Ano Novo!
O ESPETÁCULO DA QUEIMA DE FOGOS
A tradição da queima de fogos foi inciada em 1980, nos salões do famoso hotel Copacabana Palace. Em 1981, o empresário Ricardo Amaral, conhecido como o rei da noite carioca, ampliou a festa que já organizava no hotel levando a queima de fogos para a rua. Para realizar a atração, contou com o financiamento da influente família Guinle, dona do Copacabana Palace. Cerca de 500 pessoas se reuniram para assistir os fogos da Golden Room do hotel 5 estrelas.
O sucesso foi tão grande, que no ano seguinte, o número de pessoas que assistiram ao espetáculo dos salões e terraços do hotel mais que dobrou! No bairro do Leme, outro empresário, dono da antiga churrascaria Mariu’s do Leme, gostou da ideia e também patrocinou uma queima de fogos no bairro. Nos anos seguintes, outros hotéis e restaurantes começaram a fazer sua própria queima de fogos, atraindo milhares de pessoas e aumentando o movimento turístico da cidade nesse período.
Já em 1987, surgiu um verdadeiro ícone do Ano Novo de Copacabana! Inaugurado em 1975, o antigo hotel Le Meridien estava localizado na Avenida Atlântica, com vista privilegiada para a praia de Copacabana. Do alto de seus 39 andares, o hotel passou a promover sua própria queima de fogos após o término das outras.
Se destacando dos demais, os fogos estourados no alto do terraço formavam uma cascata luminosa que descia pelo prédio. A imagem lembrava uma enorme garrafa de champagne sendo estourada em celebração! A atração foi um sucesso e continuou até o ano 2001. E, a cada ano, mais pessoas se reuniam para assistir ao espetáculo!
Na década de 90, sob o comando de Cesar Maia, a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro passou a dar maior atenção para a festa. Com investimento em organização e infraestrutura, foram instalados palcos para shows nas areias de Copacabana! Em 1993, o show de estreia foi de Jorge Ben Jor e Tim Maia.
O objetivo não era apenas entreter o público. O planejamento da atração visava melhorar a logística após a queima de fogos. Com a quantidade cada vez maior de pessoas na praia de Copacabana, a dispersão do público após a meia noite se tornou um problema, com todos indo embora ao mesmo tempo, o que dificultava o trânsito nas ruas. O projeto foi um sucesso duplo! Com o show, o público passou a ficar mais tempo na praia, indo embora aos poucos, ao longo de 2 horas, sem tumulto.
MÚSICAS E RECORDES
Já no ano seguinte, a grande atração foi o show de Rod Stewart. O show bateu recorde de público e entrou para o Guinness como o maior show de rock gratuito de todos os tempos! Atraindo cerca de 4 milhões de pessoas para as areias de Copacabana, mais uma vez a logística foi um sucesso, com a dispersão sendo feita ao longo de 3 horas, evitando grandes tumultos.
Já em 1994, a grande atração foi um Tributo ao compositor Tom Jobim. Nomes de peso da música brasileira como Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso e Chico Buarque comandaram o show na virada. Com cerca de 3,5 milhões de pessoas, o ano cimentou de vez o sucesso do projeto de atrações musicais no réveillon carioca! Desde então, a prefeitura oficializou o evento no calendário da cidade.
Com o sucesso das atrações nos palcos, sentiu-se a necessidade de elevar ao mesmo patamar a qualidade do espetáculo de fogos. O tempo de duração da queima de fogos chegava a cerca de 10 minutos. A qualidade e diversidade dos fogos também aumentou. Assim, o ano novo já atraia tantos turistas para a cidade quanto o Carnaval!
Por muitos anos, os fogos eram postos em cercadinhos na areia da praia, entre os espectadores. Infelizmente, um problema técnico causou um acidente no ano 2000. Com isso, visando maior segurança, a partir de 2001 os fogos passaram a ser disparados de balsas no meio da Baía de Guanabara. Desde então não houveram mais acidentes. A nova estrutura possibilitou uma queima de fogos mais elaborada, além de garantir uma visibilidade maior aos milhares de espectadores ao longo de toda a orla. O tempo do espetáculo dobrou, batendo o recorde com 20 minutos de duração!
Atualmente, o evento conta com cerca de 10 balsas, carregando aproximadamente 20 toneladas de fogos de artifício. O tamanho e duração do espetáculo fica nessa média, com pequenas variação de ano para ano. Toda a montagem e vistoria leva cerca de 90 dias. Em 2019, a produção ganhou novos elementos, trazendo fogos multicoloridos com efeitos 3D, formatos de estrela, coração, cascatas douradas, fogos que giram e muito mais!
Durante a queima de fogos, a trilha sonora fica por conta da Orquestra Sinfônica da Petrobrás no palco principal. Os temas são os mais variados! Já tivemos versões sinfônicas de grandes clássicos da Bossa Nova, a trilha sonora da animação Rio, os temas de abertura e fechamento das Olimpíadas Rio 2016 e até o tema dos Vingadores!